quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Quilombo Carukango


Em Moçambique, colônia de exploração dominada pela metrópole portuguesa, desde os séculos XV-XVI, um dos principais produtos de exportação era o escravo. Naqueles anos de intensa exploração do Brasil, os dioulas africanos não paravam de trazer negros capturados no interior.Entre eles, estava um prisioneiro ilustre das guerras intertribais, o líder político, militar e espiritual de sua tribo: Carukango, chefe e feiticeiro. Embora atarracado e meio corcunda, foi vendido a um traficante brasileiro que o acondicionou num tumbeiro e o submeteu a 80 dias de viagens, entre África e o Brasil mais especificamente em Macaé.
Entre 60 e 80 dias levavam as viagens entre a costa africana e a brasileira, normalmente, uma viagem direta, esquivando-se do litoral hostil das áreas africanas, dominadas por piratas ingleses e holandeses.Água e alimentos não eram muitos, e no final foram racionados, submetendo-se os negros ao peixe cru que caía nos arrastões, farinha de mandioca, alguma carne seca, biscoitos de milho e água que já começavam a estragar. Tudo isso aliado à sujeira, insalubridade e superlotação, levava a um índice de que em Macaé, na Ilha de Sant'anna
O tumbeiro aportou na Ilha de Sant'anna para a quarentena. Nela, além dos cativos do Estrela de Macahé, entre os quais Carukango, havia outras centenas de negros trazidos de Angola, da Guiné, do Congo e até um pequeno grupo islamizado, os malês, que seguiam para a Bahia, mas tiveram sua rota alterada por um ataque pirata e uma violenta tempestade de cinco dias consecutivos.
Na Praia de Imbetiba em Macaé depois de trinta dias de quarentena, várias mortes, duas tentativas frustradas de fuga, muitos maus tratos e torturas, o grupo que veio da África com Carukango foi aos poucos sendo levado de escuna para a Imbetiba em Macahé, e de lá, para os leilões de escravos no centro do vilarejo.

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